Tempo de falar e tempo de calar!
Descobri com o passar dos anos que se tivesse ficado calado em algumas situações os problemas teriam sido menores. Entretanto, reconheço, calar não é fácil. Envolve um pouco o orgulho do ser humano, a necessidade de ser ouvido e mostrar o que sabe e que a sua opinião está absolutamente certa.
Campeia, infelizmente, em todas as áreas de atuação humana, uma mistura de soberba com burrice que impede as pessoas de ouvirem mais e falarem menos. Esquecemos, muitas vezes, que quanto mais falamos, mais podemos errar.
Não vou aqui exemplificar categorias que falam mais e outras menos. Todas, de certa forma, estão num denominador comum nesse quesito. É evidente que muitos, por força de suas profissões ou até escolhas, são obrigados a falarem muito. Mas, convenhamos, há momentos que é preciso parar de falar para ouvir.
Tenho absoluta certeza que muitas empresas estariam melhores estruturadas, casamentos mais sólidos, famílias mais unidas, se houvesse essa prática de ouvir e também calar. No relacionamento interpessoal, do dia a dia, deveríamos ter sempre em mente o momento exato para expressar nosso ponto de vista. Muitas discussões seriam menos acaloradas e chegaríamos a soluções comuns, mesmo que difíceis, ouvindo mais e falando menos. Os políticos que o digam…
A sabedoria e o bom senso nos ensinam que é melhor se calar do que entrar em confusão. Além disso, falar ou calar no momento oportuno é exemplo de quem tem domínio próprio.
Deveríamos manter o hábito de sempre pensarmos antes de falar e perguntar a si próprio: o que vou falar pode provocar que tipo de consequência? Pode causar alguma complicação ou benefício?
É bem verdade que todos esses problemas não são de hoje. Há milhares de anos, Salomão e seus Provérbios tratavam dessas questões. Dizia ele: “A pessoa que consegue guardar sua boca preserva a própria vida, todavia, quem fala sem refletir acaba se arruinando” (Provérbios 13:3). E ainda mais: “Quem pensa antes de falar evita muitos dissabores e sofrimentos”- (Provérbios 21: 23)
Há um Provérbio Persa que enfatiza: “Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar; e falar quando é preciso calar-se”.
Desde 2004, quando assumi a Diretoria Geral do Colégio Batista Brasileiro, dirigindo os Colégios de Perdizes e Bauru, mesmo nas grandes dificuldades que atravessamos, procurei manter um diálogo permanente com meus subdiretores, professores, funcionários e pais de alunos, buscando desenvolver e aperfeiçoar sempre uma filosofia educativa-cristã.
Tenho por meta que, se o falar não agregar valor à vida de alguém ou à sua própria vida; se não representar uma forma de reparar erros ou denunciar injustiças; se não servir de alento ou incentivo para alguém superar circunstâncias desagradáveis ou tornar alguém melhor; e se não servir para fazer alguém sorrir, relaxar, parar de chorar, sentir-se acolhido e amparado, não fale nada. Mantenha-se calado!
Prof. Dr. GÉZIO MEDRADO