Interdisciplinaridade: por que esse aspecto é importante?

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A relação entre diferentes áreas do conhecimento é perceptível no dia a dia. Literatura, química, física, matemática, arte, geografia, história, biologia e outras disciplinas se integram de forma natural em ocasiões diferentes.

A clássica separação em ciências humanas e ciências exatas é baseada em aspectos que predominam em cada uma dessas áreas, mas isso não quer dizer que elas não conversem entre si.

Esse diálogo entre as matérias escolares é conhecido como “interdisciplinaridade”. Confira, neste post, mais detalhes sobre esse conceito pedagógico tão relevante para a educação de crianças e jovens! É só continuar a leitura!

Será que a ciência é uma só?

Confira, a seguir, um diálogo do livro “Serões de Dona Benta”, de Monteiro Lobato.

— Outra coisa que não entendo — disse Narizinho — é esse negócio de várias ciências. Se a ciência é o estudo das coisas do mundo, ela devia ser uma só, porque o mundo é um só. Mas vejo física, geologia, química, geometria, biologia — um bandão enorme. Eu queria uma ciência só.

— Essa divisão da Ciência em várias ciências — explicou Dona Benta — os sábios a fizeram para comodidade nossa. Mas quando você toma um objeto qualquer, nele encontra matéria para todas as ciências. […]

Esse pequeno diálogo explica, resumidamente, o quanto a interdisciplinaridade é inerente à própria ciência!

O que é interdisciplinaridade?

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa alude a interdisciplinaridade a relações entre duas ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento e que isso ocorre comumente a uma ou mais disciplinas.

Historicamente, o conceito apareceu na França e na Itália na década de 60, quando os movimentos estudantis pediam, entre outras coisas, uma educação que acompanhasse os grandes problemas sociais, políticos e econômicos, já que essas questões não poderiam ser solucionadas somente por uma área do conhecimento.

O nome “interdisciplinaridade” foi usado primeiramente pelo sociólogo alemão Louis Wirth em 1937. O termo começou a ganhar destaque nas universidades há quase 50 anos com a publicação da obra “Interdisciplinarity: Problems of Teaching and Research in Universities” (Interdisciplinaridade: Problemas de Ensino e Pesquisa nas Universidades), escrito pelo professor Leo Apostel.

No Brasil, esse conceito passou a integrar o cenário educacional com a Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/1971 e, mais ainda, com a Nova Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/1996 e com os Parâmetros Curriculares Nacionais.

Paulo Freire, Jean Piaget e Maria Montessori também trataram de assuntos referentes à interdisciplinaridade. De acordo com Piaget, por meio desse conceito seria possível alcançar a transdisciplinaridade, momento em que não existiria mais fronteiras entre as diferentes áreas do conhecimento.

A seguir, para esclarecer melhor o assunto, encontra-se em ordem crescente todos os níveis relacionados à integração entre as disciplinas.

Multidisciplinaridade

É o primeiro nível de integração entre as áreas de conhecimento. Boa parte das práticas e atividades educacionais já se encaixam nessa categoria.

A multidisciplinaridade se caracteriza pela ação simultânea de diversas disciplinas ao redor de um tema comum, mas essa ação ainda é bastante fragmentada, já que não existe cooperação entre as áreas de conhecimento.

Pluridisciplinaridade

No segundo nível, já existe alguma cooperação entre as disciplinas, porém elas se encontram na mesma posição hierárquica, sem coordenação de uma posição hierárquica superior. Alguns estudiosos consideram que multidisciplinaridade e pluridisciplinaridade representam um só nível.

Interdisciplinaridade

No terceiro nível, existe uma posição hierárquica superior que coordena as atividades disciplinares, permitindo cooperação e diálogo organizados entre as diferentes áreas de conhecimento.

Transdisciplinaridade

Nesse último nível, os diversos sistemas interdisciplinares interagem entre si em um contexto mais amplo, o que permite uma interpretação mais unificada dos fenômenos e dos fatos.

Qual é a sua importância?

A interdisciplinaridade é uma das mais importantes ferramentas que relacionam as disciplinas entre si e confirmam a interdependência dos conhecimentos. Também é muito relevante para desenvolver o pensamento crítico, prática fundamental em uma sala de aula.

Usando esse mecanismo, a ação pedagógica contribui para criar uma escola mais participativa na formação social dos alunos. O Enem é um bom exemplo da aplicação da ferramenta em momentos decisivos na vida do estudante.

Como aplicar a interdisciplinaridade em sala de aula?

Uma das maneiras de aplicá-la em sala de aula é associar os conteúdos a situações reais, usando temática que envolva disciplinas diferentes e exijam soluções para as questões propostas. Assim, o educador consegue trabalhar os conteúdos de modo conjunto, mas mantendo as características de cada disciplina.

A seguir, confira alguns aspetos importantes que a escola deve cumprir.

Flexibilidade aos professores

É importante que os professores sejam flexíveis ao aplicar os conteúdos. Para que a proposta seja satisfatória, talvez seja preciso alterar a ordem e a forma como os assuntos serão ensinados.

Realização de um bom planejamento

As ações interdisciplinares requerem um planejamento pedagógico para que se encaixem na rotina escolar, já que envolvem educadores de diferentes áreas do conhecimento.

Eles podem dialogar sobre o conteúdo que está sendo tratado nas aulas e considerar formas para trabalhá-lo em conjunto. É preciso identificar as similaridades, construir uma linha temática e determinar como cada disciplina integrará o projeto interdisciplinar.

Recursos digitais

Os recursos digitais são uma ótima opção para desenvolver a interdisciplinaridade na sala de aula. Pode ser criado conteúdo para que os estudantes trabalhem as diferentes disciplinas em conjunto. Por exemplo, usando os mesmos textos e vídeos, é possível abordar assuntos diversos referentes a cada disciplina.

Os professores usariam os mesmos recursos digitais para trabalhar suas análises referentes a cada matéria.

Eles também podem motivar a criação textual desenvolvendo materiais para sites e blogs associados a assuntos convergentes.

Robótica e Programação podem ser aproveitadas nas atividades interdisciplinares porque são versáteis e estimulam a cultura maker, em que os alunos aprendem na medida em que praticam.

Organização de atividades lúdicas

As atividades lúdicas são valiosas para a educação da criança e elas podem ser usadas em conjunto com diversas disciplinas. Como exemplos, podemos citar os jogos coletivos e as peças teatrais, que podem tratar de diferentes assuntos. Outras sugestões são plantar uma horta e criar um programa de televisão.

Materiais didáticos

Já há, no mercado, materiais didáticos para atividades interdisciplinares. São cadernos, livros e apostilas com conteúdo personalizado que ajudam os educadores no planejamento das atividades.

Alguns desses materiais apresentam conteúdo abrangente, que pode envolver recursos online, o que facilita as ideias e dinamiza a aprendizagem.

Entre as estratégias utilizadas pelo Colégio Batista Brasileiro, a interdisciplinaridade se destaca como forma de estimular o aprendizado e facilitar a compreensão das diferentes áreas de conhecimento. A instituição atua na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio e trabalha com materiais didáticos variados, aulas, simulados, atividades extraclasse, aulão Enem, mural, revisão pré-vestibular e muito mais.

O que pensa sobre as atividades interdisciplinares? Seu filho já está habituado a elas? Aproveite e compartilhe este post nas redes sociais para que outros pais entendam a importância de escolher um colégio em que a integração entre as diferentes disciplinas seja praticada!

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