Aprendizagem experimental: confira o que é e quais os benefícios na educação
Existem vários métodos que podem revolucionar a forma como a gente aprende, e uma dessas formas é a aprendizagem experimental.
Essa metodologia de aprendizado vem sendo cada vez mais revisitada como uma maneira de transformar a educação. E por quê?
Há vários tipos de estudantes, com necessidades diversas e, por isso, várias formas de aprender. Essa forma de aprendizagem engloba todas as necessidades de qualquer perfil humano e torna o aprendizado mais rico, por proporcionar mais experiências e ensinar um indivíduo a desenvolver o pensamento crítico.
Quer entender de que modo ela funciona e todos seus benefícios? Continue lendo para saber mais!
O que é a aprendizagem experimental?
Quase todas as buscas sobre esse tema nos levam a uma pessoa: o teórico educacional norte-americano David Kolb.
Durante séculos, fomos influenciados pelo pensamento científico e, segundo Kolb, nos desconectamos da nossa experiência como fonte de aprendizagem e desenvolvimento social. Por tal razão, deixamos de brincar e de explorar o mundo como quando éramos crianças.
Kolb definia aprendizagem a partir de algumas proposições:
- Aprendizagem é um processo e não pode ser avaliado apenas por resultados finais;
- Todo conhecimento é uma reaprendizagem e se baseia nas coisas que já conhecemos;
- Ela sempre vem do conflito e das diferenças do modo de pensar;
- É um processo holístico de adaptação para o mundo inteiro;
- Também vem da relação de um sujeito com o ambiente externo;
- Aprendizagem é o hábito de se criar conhecimento.
Para ele, o processo de aprendizagem precisa ultrapassar a teoria para ser realmente efetivo. Deve integrar experiência, percepção, cognição e comportamento.
Para estruturar e conceituar essa ideia, nos anos 70, o teórico desenvolveu o Ciclo de Kolb, como uma espécie de guia para o processo de aprendizado.
O Ciclo de Kolb tem uma estrutura cíclica e passa por quatro fases: a experiência concreta, a observação reflexiva, a conceitualização abstrata e a experimentação ativa.
Experiência concreta
Esse conceito pode ser resumido em simplesmente agir. É a base do processo de aprendizagem experimental e é composta pelas vivências. É o momento de entender uma experiência e refletir sobre o significado dela.
Observação reflexiva
O refletir. Acontece diretamente com e sobre a primeira fase da aprendizagem. Aqui, é o momento de buscar entender os porquês de uma situação ter acontecido e pensar em como agir numa próxima vez que for preciso enfrentá-la.
Conceitualização abstrata
Conceitualizar. É o processo de assimilar a observação reflexiva. Nessa fase, buscamos enquadrar a experiência em princípios universais ou naquilo que já conhecemos.
Experimentação ativa
Aplicar. Aqui, o aprendizado é colocado em sua forma prática. É o momento de dedicar tempo experimentando, influenciando e mudando variáveis em uma mesma situação. Dessa forma, novas experiências são criadas.
Enquanto indivíduos, cada um de nós tem uma abordagem diferente de aprendizado, demonstrando um interesse ou uma atração maior por uma ou duas fases da aprendizagem experimental.
Assim, unindo as etapas do ciclo, duas a duas, Kolb descreveu quatro estilos diferentes de aprendizagem. Veja abaixo.
Estilo Iniciador
Seria a intersecção entre a experimentação ativa e a experiência concreta. É a abordagem daquelas pessoas ativas, inquietas e que assumem risco. São as que implantam soluções e buscam por recursos.
Estilo Imaginativo
Está entre a experiência concreta e a observação reflexiva. Abordagem daqueles que reconhecem os problemas e desenvolvem alternativas.
Estilo Decisivo
É a intersecção entre a observação reflexiva e a conceitualização abstrata. Abordagem das pessoas que conseguem formular teorias e definir problemas.
Estilo Analista
Aquele que se situa entre a conceitualização abstrata e a experimentação ativa. É o estilo de abordagem de pessoas que são melhores em testar teorias e solucionar problemas.
Após muitos testes de sua própria teoria, Kolb notou que muitas pessoas se encontravam na fronteira de dois tipos de aprendizagem ou, ainda, entre todas elas, sem ter uma definição clara de quais estilos elas pertenciam.
Logo, em 2013, o teórico educacional compôs uma revisão com cinco novos estilos de aprendizagem experimental independentes.
Representando as fronteiras entre os quatro modelos que já existiam, surgiram os estilos: Experimentador, Reflexivo, Pensativo e Ativo. Também surgiu o Equilibrador, que se situa entre todos os estilos, adaptando-se a todos os diferentes níveis.
Quais são os benefícios da aprendizagem experimental?
Conhecendo os diferentes estilos e abordagens, o educador tem em suas mãos a possibilidade de contemplar todas elas em sua didática e em suas estratégias. Dessa maneira, novas formas de avaliação podem surgir e novas metodologias que englobam todas as formas de aprendizagem.
Com suas necessidades contempladas, os alunos se sentem mais motivados e ficam mais engajados na busca pelo conhecimento. Eles aprendem melhor os conceitos, pois são colocados na situação de construtores ativos de seu próprio conhecimento.
A autonomia, a imaginação e a criatividade podem ser trabalhadas e o ambiente escolar torna-se um lugar muito mais cooperativo.
Por ser um processo bastante prático, o conhecimento acaba sendo absorvido mais rápida e eficientemente.
Como aplicar essa metodologia em diferentes contextos?
Para aplicá-la, é necessário que você se coloque em uma situação de experimentação. A atividade para aprendizagem deve ser realizada de uma maneira que reflita a realidade da situação a ser encarada tão quanto possível. Para isso, você pode recorrer a testes ou simulações.
Depois, reflita sobre o que aconteceu. Pergunte a si mesmo o que foi aprendido, como você se sentiu, como você se enfiou naquela situação e demais aspectos vivenciados durante o momento.
Em seguida, tente entender as relações para formar um conceito abstrato: “se eu fizer A, eu recebo B”.
Por último, decida o que fazer de diferente da próxima vez. Essa parte pode ser feita de forma individual e coletiva. Então, se envolva novamente na mesma situação e experimente novas formas de lidar com ela, baseando-se nas primeiras fases da aprendizagem.
Alguns exemplos para que você possa visualizar a aprendizagem experimental na prática podem ser observados na sequência!
Andar de bicicleta
Se você quer, por exemplo, aprender a andar de bicicleta, o seguinte pode acontecer: você se senta em uma bicicleta e começa a pedalar. Como você tem medo da velocidade, você anda devagar demais e cai para o lado.
Depois, você se lembra que caiu no exato momento em que a sua velocidade foi mais lenta. Então, você forma a ideia abstrata e um pouco perigosa: velocidade é igual à estabilidade. Em uma próxima vez, você decide que vai acelerar.
Dessa vez, você monta rápido. Tão rápido que você cai direto na próxima banca de frutas. Sua cabeça dói e você percebe que acelerar assim é realmente perigoso. Então, cria o próximo pensamento abstrato: atingir alta velocidade pode ser perigoso e, para evitar o perigo, é necessário buscar proteção. Você acaba decidindo usar um capacete da próxima vez.
Nesse exemplo da bicicleta, você agiu, refletiu, conceitualizou uma ação e a aplicou. Notou o Ciclo de Kolb operando aqui?
Aprender um instrumento
A aprendizagem experimental também é bastante aplicada em aulas de música. Pessoas que praticam um instrumento, não só envolvem seu cérebro no motor, áreas visuais e auditivas, como também aprendem refletindo sobre o que estão fazendo como um loop de feedback rápido. Um tom errado no violão, por exemplo, soa muito terrível para permanecer despercebido.
Enquanto tocam, eles não apenas aprendem a fazer música, mas também que o progresso, em geral, vem por meio da prática, reflexão, compreensão e repetição.
Desenvolver e aprovar um projeto
Você também pode usá-los com seus amigos ou colegas ao trabalhar em um projeto. Após a reunião com clientes potenciais, a equipe pode se reunir, analisar o feedback e decidir o que fazer a seguir.
Ministrar uma aula
Se um professor, por exemplo, já sabe como explicar fenômenos químicos, utilizando giz, lousa e cálculos, poderá também utilizar de experiências práticas. Reações químicas muitas vezes têm cores, cheiros e texturas, e, podendo observá-las, o aluno tem novos meios de associar o conteúdo dado em sala de aula.
A Ciência tem muita relação com História, Geografia e até mesmo Economia. Por meio da aprendizagem experimental, o professor pode englobar todas elas por meio de leituras, projetos e debates.
Note que, nesse processo de aprendizagem, não há um professor ou mentor, mas um facilitador do processo. Se você está sozinho aprendendo alguma coisa, onde o feedback não vem rápido, siga em frente e procure por quem pode te dar uma segunda opinião ao longo do caminho.
Alunos podem procurar por feedback de amigos ou professores; empresários podem procurar por seus mentores, e jornalistas, podem fazer suas postagens em um blog onde os leitores possam deixar comentários. Há sempre uma forma de fazer isso.
Compreender que todos nós temos um jeito singular de se apropriar do conhecimento pode ser o primeiro passo para uma formação mais global e transdisciplinar.
A aprendizagem experimental muda completamente a forma de ensino e pode ser aplicada dentro ou fora da sala de aula. Essa mudança gera muitos benefícios não apenas para os professores e para as instituições de ensino, mas também para os alunos que acabam se tornando protagonistas de seu próprio aprendizado.
O Colégio Batista Brasileiro sabe da importância da aprendizagem experimental, e, dessa maneira, busca uma educação integrada, que desenvolve os seres humanos em seus aspectos afetivos, cognitivos, físicos e espirituais. Para conhecer mais da instituição, entre em contato conosco!