Descubra 7 medos da criança e como minimizá-los

medos da criança
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Quem nunca ouviu falar do monstro no armário ou embaixo da cama? O medo infantil é um problema bem específico e relevante, que os pais precisam conhecer para lidar de forma correta.

O medo pode ser útil na medida em que permite à criança escolher entre enfrentar a situação ou fugir dela. No entanto, se a criança acaba sempre fugindo daquilo que teme, isso pode se refletir de forma negativa em seu desenvolvimento. Daí a importância do apoio dos pais.

Por conta da importância do tema , neste artigo vamos falar sobre esse assunto. Confira 7 medos da criança e como você pode ajudar a minimizá-los.

Os medos da criança conforme a faixa etária

A neuropediatra Weinmann, da SBNI (Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil), criadora da Clínica Neurokinder (SP), explica os medos da criança com base na teoria dos estágios de desenvolvimento de Jean Piaget:

  • até os 2 anos, a criança é muito sensível e não gosta de barulho nem de nada que estimule os sentidos em excesso;
  • dos 2 aos 6 anos, por ainda não diferenciar o real do imaginário, a criança pode ter medo de monstros e seres semelhantes;
  • dos 7 aos 11 anos, começam a surgir medos relacionados a situações mais concretas, como acidentes, animais, tempestades.

Conflitos abstratos se iniciam na adolescência. É o caso de começar a refletir a respeito do significado da vida, temer a rejeição social e outras coisas.

Ainda que os estudos de Piaget sejam da década de 40, ainda são válidos porque, em geral, os medos das crianças permanecem os mesmos.

Outra tabela apresenta a seguinte divisão sobre os principais medos infantis:

  • 7 aos 18 meses: pessoas estranhas;
  • 2 anos: trovão;
  • 3 a 4 anos: pessoas vestindo fantasias;
  • 5 anos: ladrão em casa;
  • 6 a 7 anos: fantasmas;
  • 8 e 9 anos: mau desempenho escolar.

Os 7 medos mais comuns da criança

Vamos analisar agora, em particular, 7 medos da criança e as formas de minimizá-los!

1. Ansiedade, medo da separação

A ansiedade ou angústia da separação é o medo de ficar distante da mãe. Começa entre o sexto e o nono mês, quando a criança nota que ela e sua mãe são pessoas diferentes. Por considerar que tudo aquilo que não pode ver, deixa de existir, o bebê começa a chorar quando a mãe sai de seu campo de visão. Algumas crianças mantêm esse comportamento até os dois anos.

Uma forma de lidar com o medo do abandono é brincando de esconde-esconde, com o famoso “Achou!” no final da brincadeira. Quando a criança percebe que a mãe, o pai ou outra pessoa muito próxima pode ser encontrada depois que “desparece”, ela vai adquirindo mais confiança.

Sempre que sair para o trabalho ou para a rua, o adulto deve avisar a criança, assegurando que vai voltar. Não saia às escondidas e procure não demorar mais que o necessário.

2. Barulhos

Não são apenas os bebês que sentem medo de barulhos, crianças maiores também se assustam com alguns ruídos.

Para crianças pequenas, músicas, ruídos de televisão, brinquedos que emitem sons e vozes em excesso podem fazê-las chorar. O trovão é outro ruído característico que causa medo nas crianças.

O ideal é evitar falar muito alto perto de crianças menores, não deixar aparelhos ligados em alto volume nem dar brinquedos sonoros. Se possível, evite se demorar em festas muito ruidosas. Gradualmente, é interessante ir acostumando seu filho a ruídos cada vez mais altos, de modo que ele vá se dessensibilizando em relação a esse problema.

Dar colo ou um abraço ao filho diante da reação de medo é uma boa forma de confortá-lo. Em relação a certos ruídos, você pode explicar que eles não podem fazer nenhum mal. Por exemplo, tente explicar para seu filho mais crescido que o trovão é somente um evento natural; mas não diga que ele é grande demais para ter medo de trovão, pois ele pode se sentir invalido em seus sentimentos.

3. Monstros e fantasmas

Esse é um medo recorrente em crianças. Isso faz com que tenham medo de dormir no escuro ou de ficar sozinhos. Uma solução é deixar uma luz acesa (um abajur, por exemplo).

Os pais podem ficar no quarto até os filhos dormirem. Podem contar histórias, por exemplo, para que eles adormeçam. Dormir com algum bicho de pelúcia também ajuda, já que o animismo é comum em algumas faixas etárias e, assim, as crianças não se sentirão sozinhas. Além disso, em alguns casos esses bonecos podem representar a figura dos pais.

Outra solução temporária é permitir que seu filho durma com você em sua cama. Mas não é algo que deva ser recorrente, senão ele nunca se sentirá apto a enfrentar a situação.

Outro aspecto relevante é que não se deve desconsiderar o medo do filho, dizendo que é “besteira”. Essa negação não vai ajudar a criança. Por outro lado, estimular o medo para fazer a criança se comportar bem pode ser nocivo, deixando-a medrosa e insegura. O ideal é transmitir segurança à criança, reforçando a todo tempo, a presença e o socorro do pai ou da mãe sempre que precisar.

Nesse sentido, animações, quadrinhos e livros que tratam do sobrenatural de maneira cômica podem ser valiosos. Gasparzinho, Penadinho, Hotel Transilvânia e Shrek transformam a imagem de seres amedrontadores em engraçados e até bondosos.

O livro “O Saci” de Monteiro Lobato é uma obra interessante, bem como as séries de Harry Potter, Crônicas de Nárnia e Percy Jackson, que ajudam o leitor a se familiarizar com diferentes criaturas (mostrando, inclusive, que fazem parte de culturas diferentes e são, portanto, criações de um povo e não seres reais que podem fazer o mal ou o bem).

Se você for cristão, fazer ou ensinar uma oração na hora de dormir ou em qualquer outra situação, de forma que a criança cresça entendendo que existe uma proteção espiritual contínua dada por Deus, mesmo que o papai ou a mamãe não estejam presentes, aumenta sua capacidade de gerenciar o medo.

4. Papai Noel, palhaços e outros personagens

Se, por um lado, seu filho pode se sentir feliz com a ideia de Papai Noel, ele pode sentir medo ao ver uma pessoa fantasiada do “bom velhinho”. Também pode chorar ao ver palhaços e outras pessoas fantasiadas, especialmente de máscara (Mickey, Pato Donald, Pateta, Picapau).

O mais provável é que o medo seja realmente da máscara e não da fantasia. Érica Zakumi relata que a filha de 2 anos se recusou a tirar fotos com o Papai Noel, mas não se intimidou diante de uma jovem fantasiada de Frozen.

Não convém “forçar” a situação, obrigando seu filho a se aproximar de um desses personagens, pois assim pode se desenvolver uma fobia. Mas é importante que, gradualmente, você desperte a confiança nele, fazendo-o entender que aquele personagem é um “amigo”, que não fará nenhum mal. De qualquer modo, esse medo passará com o tempo.

5. Cachorros e outros animais

Em geral, crianças não temem os animais porque não entendem os riscos que correm com alguns deles, como cachorros. Quando o medo existe é porque elas associam aquele animal a alguma imagem negativa: um latido ou miado que as assustou ou o receio dos adultos, por exemplo.

Isso vale para insetos também. Por exemplo, algumas pessoas evitam e fogem de baratas. Mas isso não ocorre com as joaninhas. Desse modo, as crianças compreendem que baratas podem ser nocivas e as joaninhas não.

É importante ensinar seu filho a se posicionar diante da situação, chamando um adulto, evitando se aproximar do animal ou matando o inseto. No caso de animais que realmente não envolvem riscos, ele deve aprender que eles não são perigosos: um coelho é inofensivo, uma cobra não.

De qualquer modo, mesmo os bichos de estimação podem causar algum dano, e seu filho precisa saber disso: cães podem morder, gatos podem arranhar, coelhos podem arranhar ou morder, patos e galinhas podem bicar e assim por diante. Esse conhecimento evitará traumas por conta de experiências negativas e o ajudará a entender que não existe nada 100%, que é fundamental saber lidar com os pets.

6. Médico, injeção

Até adultos têm medo de alguns médicos, como dentistas. E nem sempre estão dispostos a tomar injeção ou fazer certos exames. Com as crianças, isso é ainda mais comum. Elas sentem medo porque estão em um local estranho, podem ficar afastadas dos pais e, no caso da injeção, ainda existe a dor da picada, o frio ou mesmo a vergonha (muitas vezes, precisam tirar alguma peça de roupa para receber a dose).

Uma boa solução é dizer a verdade: “Dói, mas passa, e vai te fazer bem”. Se seu filho está sofrendo com algum problema, ele fica ciente de que a injeção, o remédio ou o procedimento vão ajudá-lo. Essa experiência é boa porque mostra que mesmo coisas desagradáveis podem oferecer bons resultados.

Se for possível segurar a mão da criança, por exemplo, você já estará ajudando. Caso seja bebê, a mãe pode oferecer o peito ou deixá-lo no colo. Um estudo realizado na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, revelou que oferecer um prêmio aos filhos depois da vacina é um método usado por 33% dos pais.

7. Catástrofes, violência

Não são somente adultos que temem a violência, os acidentes e as catástrofes. O acesso à internet, as notícias de rádio e televisão, os próprios comentários dos adultos podem colocar seu filho a par de acontecimentos reais e funestos que acontecem no mundo, no Brasil e, mais especificamente, no lugar em que você mora.

Assim, uma criança que mora em uma metrópole está mais propensa a ter medo de roubos, sequestros e outras formas de criminalidade que aquela que habita na zona rural.

Uma solução é evitar que os filhos assistam muito ou tenham acesso fácil a notícias sobre acidentes, catástrofes e violência. Afinal, esses eventos não são “monstros imaginários”, são reais, e os próprios pais podem se sentir impotentes para lidar com muitos deles.

Por outro lado, vale a pena despertar nos filhos o sentimento de autoproteção, ensinando atitudes preventivas, como não aceitar carona de estranhos, não abrir a porta de casa quando os pais estiverem fora, evitar brincar na rua e mexer com coisas perigosas (fogo, eletricidade), olhar para os dois lados ao atravessar a rua, não se afastar demais de casa para não se perder, entre outras recomendações.

Conhecer quais são os medos da criança e trabalhar para minimizá-los vai prepará-la melhor para enfrentar os desafios da vida. O apoio dos pais nesse sentido é fundamental, já que eles são as pessoas em quem os filhos mais confiam. O diálogo é parte básica desse processo, tanto na identificação do problema quanto em sua resolução.

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